Qualquer aquariofilista se irrita ao verificar que, no seu adorado aquário, se estão a desenvolver estes seres inestéticos.
Corremos então para a loja de animais mais próxima e levamos com um ou dois produtos químicos por parte da maioria dos lojistas, para tratar rapidamente do “inimigo”.
O problema é que na maioria das vezes, acabamos por prejudicar os outros seres que habitam no interior do aquário, os nossos peixes.
Pessoalmente, só faço uso destes químicos quando já esgotei todas as outras hipóteses.
O aparecimento de algas pode acontecer a qualquer momento e na grande maioria das vezes o seu aparecimento deve-se a desequilíbrios existentes no aquário.
No entanto posso afirmar, sem dúvida, que não existem aquários completamente livres de algas. E se a existência destas for equilibrada, até acabam por ficar engraçadas, agarradas a troncos ou em materiais decorativos.
A questão que se coloca é conseguir manter a população de algas em valores que não prejudiquem os restantes habitantes do nosso aquário e que, ao mesmo tempo, não incomodem o visionamento do mesmo pelos observadores externos, neste caso, o ser humano.
Num aquário montado de novo, existe sempre o perigo de uma infestação exponencial de algas. Daí, que seja de capital importância, activar o rápido crescimento de plantas, de forma a que essas algas não apareçam em níveis demasiado elevados.
Quando as plantas se desenvolvem bem, a maioria das algas não tem qualquer hipótese em aparecer. Por isso, torna-se óbvio, que o crescimento de algas é inversamente proporcional ao bom crescimento das restantes plantas.
O problema reside precisamente aí. Como proporcionar um crescimento optimizado das nossas plantas aquáticas?
Para isso é fundamental fornecer-lhes três coisas: nutrientes, dióxido de carbono e luz de qualidade.
Depois convém fazer notar que as algas adoram nitratos e fosfatos e quando os valores destes se tornam demasiado elevados, as algas acabam por aparecer e proliferar rapidamente. Convém então realizar trocas parciais de água periodicamente (uma vez por semana) e sifonar o areão evitando assim que os níveis de nitratos e fosfatos subam em demasia.
A iluminação antiquada e/ou desajustada é outro factor de favorecimento no aparecimento de algas.
A luz fluorescente que usamos nos nossos aquários deve ser de espectros ajustados ao crescimento das plantas. Uma vez que as algas usam de sobremaneira a luz infra-vermelha e a luz ultra-violeta, um espectro desajustado e/ou uma lâmpada demasiado antiga, vão fazer com que as indesejadas algas apareçam de um momento para o outro.
É de extrema importância usar lâmpadas compradas especificamente para uso em aquáriofilia e substituir as mesmas ao fim de seis meses de utilização (lâmpadas T5). Isto porque estas lâmpadas perdem as suas particularidades ao fim desse tempo.
De seguida falaremos de vários tipos de algas e sugerimos algumas maneiras de as poder eliminar ou manter sob controlo. Lembrem-se contudo, que o uso de biocidas deve ser feito com muito cuidado. A leitura do rótulo, o modo de aplicação e as dosagens correctas tornam-se imperativos.
Lembrem-se também que mais vale um aquário com algas mas com peixes e plantas do que eliminar-mos as algas com químicos e ao mesmo tempo eliminarmos toda a vida existente no interior do aquário.
Tipos de algas, aparências, causas e acções para as eliminar
Aparência: Água esverdeada e turva.Causas possíveis: Demasiado nitrato, demasiado fosfato, luz directa do sol.
Acções a tomar: Trocas parciais de água bi-semanais; adicionar um produto contra algas flutuantes e algas filamentosas (ex: Algovec da Sera ou outro similar).
Aparência: Água esbranquiçada e com pouca visibilidade.
Causas possíveis: Putrefacção de raízes e/ou restos de comida; introdução no aquário de nutrientes orgânicos (plásticos, açúcar, álcool, areia suja ou outros).
Acções a tomar: Trocas parciais de água e sifonagem do areão; adicionar um produto clarificante (ex: Aquaclear da Sera ou outro similar).
Aparência: Filamentos longos, finos e verdes que se fixam nas folhas e decorações.
Causas possíveis: Concorrência alimentar insuficiente por parte das plantas aquáticas.
Acções a tomar: Retirar as algas com a ajuda de uma rede ou outro instrumento; adicionar regularmente nutrientes líquidos e sólidos que encontras nas lojas da especialidade às plantas existentes; colocar algumas espécies de peixes comedores de algas (se possível) como: platys, mollys negras, octocinclus, etc.
Aparência: Filamentos curtos e densos de cor verde escura que se fixam nas folhas, decorações e vidros.
Causas possíveis: Poucas plantas de crescimento rápido; tubos fluorescentes (lâmpadas) sujas e/ou gastas.
Acções a tomar: Limpar vidros e materiais e podar as folhas afectadas; colocar plantas de crescimento rápido como elodeas e cabombas; colocar algumas espécies de peixes comedores de algas (se possível) como: platys, mollys negras, octocinclos, etc; trocar as lâmpadas fluorescentes se necessário.
Aparência: Camada viscosa azul-esverdeada nas plantas e decorações com odor desagradável.
Causas possíveis: Valores elevados de nitratos e fosfatos; ventilação da água demasiado forte; iluminação inadequada.
Acções a Tomar: Mudar uma grande quantidade de água do aquário e aspirar as algas, o melhor possível; deixar o aquário completamente ás escuras durante uma semana (se possível); verificar se o ph e Kh estão demasiado elevados e se necessário baixar os seus valores; mudar semanalmente 30% da água numa primeira fase e depois reduzir para 15 a 20%; se for caso disso, reduzir a ventilação da água e/ou realizar a troca de tubos fluorescentes.
Aparência: Camadas viscosas, castanhas, nas plantas, decorações e vidros.
Causas possíveis: Valores elevados de silicato na água da torneira; iluminação desadequada; ausência, ou poucas plantas.
Acções a tomar: Retirar as algas das plantas limpando e/ou podando; raspar as algas dos vidros e materiais lisos; ferver os materiais rugosos e pedras; se possível, desligar as luzes do aquário durante uma semana; usar estabilizador nas trocas de água (ex: Aqutan ou outro); adicionar, se possível, alguns peixes que se alimentam destas algas como: ancistrus, otocinclus e Crossocheilus silamensis.
Aparência: Grupos de filamentos verdes e curtos que se ramificam a partir de um ponto da periferia das folhas e, mais tarde, na superfície.
Causas possíveis: Fosfato e nitrato na água; tubos fluorescentes gastos…
Acções a tomar: Retirar as algas podando as folhas afectadas; remover as algas dos vidros e decorações mecanicamente; adicionar algovec da Sera, à água; os Crossocheilus latius e os camarões Caridina serrata alimentam-se destas algas (no entanto estes camarões não toleram o algovec); se os valores de ph e kh estiverem demasiado elevados convém rectificá-los; activar o crescimento das plantas existentes; se for caso disso, realizar a troca de tubos fluorescentes.
Aparência: Grupos de filamentos vermelhos, pretos e curtos que se espalham numa fase inicial nas orlas das folhas, mais tarde na superfície das folhas, nos vidros e decorações.
Causas possíveis: Valores elevados de nitrato e fosfato na água; ventilação da água demasiado forte; poucas trocas de água; iluminação inadequada.
Acções a tomar: Retirar as algas podando as folhas afectadas; remover as algas dos vidros e decorações mecanicamente; os Crossocheilus latius e os camarões Saridina serrata alimentam-se destas algas; se for caso disso, reduzir a ventilação da água e/ou realizar a troca de tubos fluorescentes.
Aparência: Filamentos verde escuros ou pretos de vários centímetros de comprimento que se ramificam na superfície das folhas e objectos.
Causas possíveis: Valores elevados de nitrato e fosfato na água; poucas trocas parciais de água; tubos fluorescentes velhos e gastos; iluminação fraca ou inadequada.
Acções a tomar: Retirar as algas podando as folhas afectada; remover as algas dos vidros e decorações mecanicamente; os camarões Caridina serrata alimentam-se destas algas; se for caso disso, realizar a troca de tubos fluorescentes; trocas semanais de água de 15 a 20% do volume de água do aquário.
Estas sugestões tiveram por base de sustentação alguns anos de experiência com estas algas nos meus aquários e o auxílio imprescindível dos manuais da SERA.
Este artigo foi publicado na Revista nº2 do Mundo dos Animais, em Junho de 2007, com o título “Problemas com Algas”.
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